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RAM no Programa de Conhecimento e Desenvolvimento Sustentável
Resistência aos Antimicrobianos (RAM): a pandemia silenciosa foi o tema da palestra proferida por António Correia de Campos.
O ex-Ministro da Saúde e Membro do Global Leaders Group on Antimicrobial Resistance (GLG/AMR) foi a figura central da sessão que decorreu a 5 de abril de 2023, na sede da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), integrada no Programa de Conhecimento e Desenvolvimento Sustentável.
A RAM é um problema de saúde pública global e seu impacto é cada vez maior. De acordo com António Correia de Campos, “se nada for feito para enfrentar o problema, estima-se que em 2050 possam ocorrer no mundo cerca de 10 milhões de mortes, tantas quanto as mortes por cancro em 2020”. Além disso, 24 milhões de pessoas passarão a viver em pobreza extrema a cada ano e a mortalidade animal crescerá 1% todos os anos. O custo anual estimado das RAM é de 13 mil milhões de dólares e em dez anos o impacto laboral e social pode chegar aos 3,4 mil milhões de dólares.
Criticando o facto de este tema ainda não ser prioritário para os políticos mundiais, o ex-Ministro da Saúde salientou que a RAM é a terceira maior causa de morte no mundo, depois das doenças infeciosas e das doenças cerebrovasculares e cardiovasculares, com 4,95 milhões de mortes anuais que lhe estão associadas. Por isso, é necessário agir urgentemente para prevenir e controlar a RAM.
Para isso, é fundamental adotar uma abordagem interdisciplinar, combinando Saúde, Ambiente e Agricultura, seguindo o lema “Uma só Saúde”. É igualmente importante aproveitar as oportunidades. Por exemplo, “a pandemia de COVID-19 deu-nos lições valiosas sobre prevenção e controlo de doenças infeciosas, equipamentos de proteção, vigilância epidemiológica e grupos de risco. E essas lições podem ser aplicadas no combate à RAM”, advogou António Correia de Campos.
Para o Membro do GLG/AMR, entre as prioridades nacionais estão a continuidade, alargamento e o ajuste do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA), aproveitando o despacho de 2022 que o atualizou. Em complemento, é necessário construir um plano Intersetorial de saúde animal, vegetal e ambiental”, criar financiamento dedicado e captar maior atenção por parte dos media.
António Correia de Campos terminou a sua intervenção dando um bom exemplo de cooperação intersectorial na Região de Lisboa e Vale do Tejo: a 30 de janeiro de 2023 foi assinado um protocolo entre a Águas de Portugal e 14 hospitais do concelho de Lisboa (públicos e privados). Segundo o preletor, o acordo visa caracterizar as águas residuais hospitalares que desaguam nas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Lisboa (Beirolas, Alcântara e Chelas), alertando ou até mesmo prevenindo eventuais surtos de doenças. Participam do protocolo a Câmara Municipal de Lisboa, a EPAL, o IST, a DGS, o INSA e a ARSLVT.
Igualmente presente na sessão, Margarida Valente, membro da direção nacional do PPCIRA, recordou que, além do projeto “Stop Infeção Hospitalar”, há ainda iniciativas em curso em agrupamentos escolares (literacia dos mais novos) e em 49 unidades de Cuidados Continuados Integrados (CCI). Tudo para combater a resistência aos antimicrobianos.
Como é habitual nestas sessões, as palavras de boas-vindas e de encerramento estiveram a cargo de Luís Pisco, Presidente da ARSLVT, e de Ana Paula Harfouche, coordenadora do Programa de Conhecimento e Desenvolvimento Sustentável da ARSLVT.
